domingo, 20 de novembro de 2011

Editorial: Fim de semestre, pirlimpim e neurociência

Prof. Ana Paula Bossler,
Editora do Opilião

Este mês o Opilião saiu a fórceps! Também pudera, fim de semestre, todos sobrecarregados de compromissos e tarefas. Sofremos, mas o Opilião saiu e com a linda novidade de contarmos com a contribuição de um chargista! Nesta edição, temos ainda um texto sobre a polêmica participação de uma aluna da Biologia no programa Altas Horas (p 2). Para quem gosta de ler, há um texto apresentando Monteiro Lobato, o escritor do Sítio do Picapau Amarelo, como possibilidade para se aprender ciência (p 3). "Um país se faz com homens e livros", é uma das mais famosas citações do escritor. E por falar em país, o nosso, sede da próxima Copa do Mundo, promete trazer para o evento um verdadeiro acontecimento científico (p 3), digno de um prêmio Nobel! E o prêmio Nobel é assunto da página 4, assim como sua versão brincalhona,  o prêmio Ig Nobel. Para rir e pensar. Ainda nesta edição, para quem está preocupado com o futuro, não deixem de ler sobre ranking de salários (p 2) e currículo lattes (p 2).
Boa leitura e não deixem de visitar o Opilião virtual!

Polêmica sobre clareamento dental

Por Thaiane Abrascio, 6º Período

Uma aluna de nosso curso causou polêmica ao participar do programa global Altas horas. Ela perguntou sobre o uso de esperma humano no clareamento dental. Apesar de mencionar que havia lido e se embasado em um referencial teórico, os entrevistadores foram descrentes desmerecendo a pergunta da jovem. Ela foi causa de chacota em muitos sites de comédia e seu vídeo já teve centenas de visualizações. Fomos atrás! Afinal, a aluna não estava tão equivocada quanto tentaram fazer parecer. A pesquisa citada por nossa colega foi realizada pela University of Cambridge e publicada na Revista Science. Nos testes realizados o sêmem humano clareou até 45% da tonalidade dos dentes dos participantes. Para isso não bastaria colocá-lo na boca, ele deveria permanecer lá por 20 minutos. Empresas de cremes dentais demonstraram interesse pela técnica. Logicamente serão isoladas as substâncias responsáveis para que sejam comercializadas. Mas por enquanto, se alguém lhe oferecer clareamento dental gratuito utilizando técnica inovadora, desconfie. E antes de debochar, pesquise!

Quanto ganha um biólogo

Por Bianca Torquato 6º Período
O Conselho Federal de Biologia (instrução 09/2010) recomenda como salário-base o valor referente a seis salários mínimos vigentes no país. A fim de orientar o trabalho dos prestadores de serviços, o Conselho sugere o valor dos  honorários, variando de R$40 reais a hora, para os iniciantes, a R$150 para o biólogo Sênior.  Mas atenção, estes valores podem mudar bastante de um Estado para outro. O valor para Sênior, por exemplo, em Estados como Bahia e Sergipe é de R$ 100,00 a hora de trabalho. E os professores de biologia, quanto ganham? O salário também varia de acordo com  a  região do país. Em Minas Gerais, um professor em início de carreira recebe cerca de R$7,08 a hora/aula, enquanto no Distrito Federal o mesmo professor receberia R$ 16,13. No Ensino Superior, por sua vez, o professor biólogo, de acordo com o ranking do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, algumas instituições, como a Fundação Getúlio Vargas, pode pagar até R$150 a hora/aula.    Mas o mais importante é se fazer o que gosta...ou não?!
Mais sobre salário aqui

Você tem currículo lattes?

Por Ana Paula Bossler
O "lattes" é um currículo preenchido online na Plataforma Lattes, em formulários próprios e geridos pelo CNPq (  Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que disponibiliza os dados por pesquisador, Instituição e grupos de pesquisa. Assim, todos, cientistas e não cientistas, podem acessar a produção de cada pesquisador ao longo da vida. O nome da plataforma é uma homenagem ao pesquisador brasileiro, o físico César Lattes, falecido em 2005. Se você que está lendo este texto ainda não possui "lattes", apresse-se. O "lattes" começa a ser preenchido desde a graduação e pode ser solicitado em concursos e bancas. Faça seu "lattes" e o mantenha atualizado. Dúvidas? Converse com um professor, todos podem responder às questões e dar dicas para o preenchimento. O endereço eletrônico para o  "lattes" é www.lattes.cnpq.br.
Viste os "lattes" dos docentes da Biologia, em nosso blog!

Pó de pirlimpimpim e ciência

Por Naira Pithan, 6º Período
Monteiro Lobato (1882-1948) nasceu em Taubaté (SP), e durante sua infância passava horas brincando, subindo em árvores e pescando no riacho, sem dispensar bons livros da biblioteca do avô. Formado em Direito na Faculdade Largo São Francisco (SP), preferiu ser escritor. No livro Sítio do Picapau Amarelo, ele cria cenários bem especiais e brasileiros, com histórias simples e fáceis de compreender. Monteiro Lobato respeitava a inteligência das crianças e dos jovens. Todos os seus personagens têm opinião e são respeitados nas histórias, como os netos de Dona Benta que eram ouvidos e tratados com carinho, convivendo com os adultos de igual para igual. Essa atitude era impensável na época em que Lobato viveu e frequentou a escola. Ler Lobato pode ser uma atividade de grande prazer para biólogos e curiosos por temas da ciência, pois em seus livros o autor aborda a ciência de uma maneira divertida e fácil de aprender. Os personagens do Sítio do Picapau Amarelo saem à procura de aventuras, como é o caso do Livro Viagem ao Céu. Neste livro, Narizinho, Pedrinho, Emília, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa e o Burro Falante vão conhecer de perto a Lua e as estrelas da Via Láctea graças ao pó de pirlimpimpim. E a ciência esbarra com a ficção, quando encontram São Jorge e o dragão na Lua, arrumam confusão em Marte e patinam nos anéis de Saturno. De maneira descontraída aprende-se com esse livro, astronomia, física, matemática e ciências. Essa história que revela o Universo foi escrita em 1932 quando pouco se sabia sobre o cosmos. Pensar em  naves espaciais não passava de ideia mirabolante dos cientistas da época. Não é à toa que Monteiro Lobato foi considerado um dos maiores autores e inventor da própria literatura infantojuvenil no Brasil. Envolvido recentemente em uma polêmica sobre racismo em sua escrita, Lobato merece ser lido e as crises transformadas em situações de aprendizagem.

Copa do mundo no Brasil e neurociência

Por Thaiane Abrascio, 6º Período
Nunca os brasileiros ficaram tão ansiosos pela Copa do Mundo, afinal teremos a oportunidade de sediar este grande evento no nosso país. Mas para os Neurocientistas há um motivo a mais para a euforia. Miguel Nicolelis e seu grupo de pesquisadores do Projeto Walk Again prometeram que até a abertura da copa do Mundo no Brasil em 2014 o primeiro chute será dado por um tetraplégico, sendo este o último passo do projeto.
Nicolelis vem desenvolvendo pesquisas no campo da Neurociência, e recentemente realizou testes com primatas demonstrando ser possível perceber texturas através de corpos externos, como se fosse um novo “canal sensorial”. Os chimpanzés sem mover sequer um dedo, comandaram robôs pela atividade cerebral. Estes robôs chamados avatares tocavam nos objetos que os primatas “desejavam” e as texturas eram transmitidas novamente para o cérebro dos macacos. Detalhe: os primatas estavam nos EUA e os robôs no Japão. Essa interface cérebro-máquina-cérebro que os primatas conseguiram estabelecer sugere que nós humanos tenhamos uma facilidade bem maior em manipular esta tecnologia, e então será possível que pacientes severamente paralisados andem novamente e restabeleçam o tato.
A proposta de apresentar seus resultados (caso dêem certo) na Copa do Mundo onde todos os olhares estarão voltados em 2014 não é só uma boa estratégia para divulgar a ciência como também é parte do seu grande fanatismo pelo futebol. Em sua pagina oficial na universidade de Duck há um link para o site oficial do clube Palmeiras.
Nicolelis é um grande exemplo do poder cientifico Nacional e de que brasileiros, mesmo os palmeirenses, têm um enorme campo cientifico a ocupar.
Leia mais no Opilião Virtual

O Oscar da ciência

Por Raphaela Pagliaro, 4 º Período
O prêmio Nobel foi criado em 1902, em homenagem a Alfred Nobel, criador e inventor da dinamite, e é destinado a personalidades que tenham se destacado através de pesquisas, ideias e ações de impacto social. O químico sueco Nobel destinou em testamento parte da fortuna acumulada com a dinamite para a premiação.
O prêmio, (medalha, diploma e cerca de 1 milhão de dólares) é entregue anualmente, no dia 10 de dezembro – dia da morte de seu fundador. A data macabra foi escolhida por conta de um engano. Um jornal francês equivocou-se e deu como morto o cientista, no lugar de seu irmão, publicando um artigo que descrevia o químico como  “mercador da morte” graças a invenção do artefato que matou milhares de pessoas (a dinamite).
A cada ano, seis prêmios Nobel são concedidos nas áreas de: Química, Física, Medicina, Literatura, Economia e Paz.
Na área da ciência o Brasil quase foi agraciado com o Nobel de 1921, por conta do trabalho de Carlos Chagas. Poucas pessoas sabem, mas o ciclo completo da doença de chagas foi inteiramente descrito em cerca de uma semana. Apesar da façanha para a ciência, o nome de Chagas foi descartado pela Academia Sueca. Embora o episódio não tenha sido de todo esclarecido, parece que colegas médicos brasileiros desaconselharam o laureamento do pesquisador. Este ano o prêmio foi concedido a um cientista morto, uma fatalidade! Três dias antes do prêmio ser anunciado,Ralph M. Steinman, descobridor das células dentriticas faleceu, sem saber que iria ser agraciado.

E O PRÉMIO IG NOBEL, O QUE É?

O prêmio Ignobel é destinado às descobertas científicas mais estranhas do ano. Eles são entregues para honrar os estudos e experiências que primeiro nos fazem rir, e depois pensar. Alguns exemplos de pesquisas agraciadas com o IG Nobel: 1) trabalho que mediu os padrões de ondas cerebrais enquanto as pessoas mascam diferentes tipos de chicletes; 2) pesquisa que revelou que a fêmea do mosquito da malaria é atraída tanto por queijo limburgo quanto por chulê;3) descoberta de que as pulgas que vivem nos cães pulam mais alto do que as que vivem nos gatos e 4) influencia da vontade de urinar em decisões difíceis. O nome Ignobel, foi criado pela revista de humor científico Anais da Pesquisa Improvável. É dado para representar algo que não é nobre, vil ou bizarro, mas que no fim acaba dando sentido à vida.


Ig Nobel é uma brincadeira com a palavra ignobil, você sabe o significado? Aí vai: "ignobil: adj. Que é de uma baixeza repugnante: procedimento ignóbil. Baixo, vil, abjeto, infame, torpe." (dicionário online de português)  

domingo, 16 de outubro de 2011

Editorial: que biólogo você quer ser?

Prof. Ana Paula Bossler,
Editora do Opilião

Em nosso curso de Licenciatura em Ciências Biológicas combinamos matérias pedagógicas e conteúdos da biologia. Mas estas dimensões são suficientes para compor o biólogo que queremos ser? A participação em eventos e cursos de formação diversificada parecem conferir ao estudante de biologia ferramentas para ir além. A aluna Thaiane Abrascio esteve na Feira Literária de Uberaba, que aconteceu em concomitância ao II Enbio e perguntou ao escritor Ziraldo como formar uma Professora Maluquinha. Thaiane teme receber o diploma e sentir-se despreparada para a sala de aula. A resposta do escritor você lê na página 4. A Professora Maluquinha de Ziraldo criava percursos alternativos para a aprendizagem, como fazem os programas de televisão sobre os quais falamos neste Opilião (Didática do mico?). Nesta edição temos ainda um novo rio descoberto na Amazônia e um bicho que é confundido com sujeira na praia, assuntos que deixariam a professora do Ziraldo elétrica! Não deixe de ler também a matéria sobre o Projeto Genoma (pag 2) e a entrevista com o palentólogo Ismar Carvalho. Não deixe de ver mais no Opilião impresso, peça o seu!.

Seu DNA é um lixo?

Por Naira Pithan, 6º Período.
O Projeto Genoma Humano, inciado em 1990, tinha como objetivo mapear  os genes do genoma e descrever a sequência completa de todos os nucleotídeos que formam a longa hélice de DNA e  prometia determinar quais seriam as causas possíveis  para muitas doenças genéticas. Nesta época os cientistas acreditavam que existiam cerca de 100 doenças causadas por alterações nos genes, mas 13 anos depois descobriram mais de 1400 doenças.  O projeto genoma envolveu um esforço coeltivo de pesquisa que conta com a participação de centenas de cientistas espalhados em 11 países. Os 100 mil genes estimados no início do projeto cairam para 30 mil. Os cientistas começaram a revisar o conceito de “DNA - lixo”, sequências genéticas que supostamente não eram transcritas e não possuíam funções conhecidas. Hoje o projeto reforça que esse DNA – lixo não é lixo, e constata que estas regiões entre os genes parecem estar muito ativas.

Hamza, um rio maior que o Amazonas!

Por Letícia Lemes, 6º Período

Novos programas de TV com enfoque na saúde estão causando muito reboliço devido  ao uso de abordagens singulares para atingir seus objetivos. Tanto o programa “Bem Estar” da rede Globo quanto o “E aí Doutor?” da rede Record tratam de temas do dia a dia apostando em formatos popularescos e artísticos dando demonstrações um tanto quanto incomuns. Evitando termos técnicos, como nomes de doenças, oscilam entre uma linguagem simples e  simplória. Os programas abordam temas como formato de fezes, corrimento vaginal e espinhas usando imagens que causam grande impressão.
Segundo os produtores dos programas o objetivo é expor de modo simples e didático questões vividas por toda pessoa no dia-a-dia. O problema é quando confundem didática com constrangimento. Se por um lado estes programas ousam e tentam desenvolver uma nova identidade como linguagem, por outro parecem errar na dose do que têm acrescentado aos programas.

Didática do mico



Por Letícia Lemes, 6º Período

Novos programas de TV com enfoque na saúde estão causando muito reboliço devido  ao uso de abordagens singulares para atingir seus objetivos. Tanto o programa “Bem Estar” da rede Globo quanto o “E aí Doutor?” da rede Record tratam de temas do dia a dia apostando em formatos popularescos e artísticos dando demonstrações um tanto quanto incomuns. Evitando termos técnicos, como nomes de doenças, oscilam entre uma linguagem simples e  simplória. Os programas abordam temas como formato de fezes, corrimento vaginal e espinhas usando imagens que causam grande impressão.
Segundo os produtores dos programas o objetivo é expor de modo simples e didático questões vividas por toda pessoa no dia-a-dia. O problema é quando confundem didática com constrangimento. Se por um lado estes programas ousam e tentam desenvolver uma nova identidade como linguagem, por outro parecem errar na dose do que têm acrescentado aos programas.

Bicho que parece lixo?


Por Amanda Prato, 6º Período

Ao caminhar ao longo da praia, deparamo-nos as vezes como um emaranhado de plásticos, folhas e raízes que logo interpretamos como lixo. Você já viu este lixo enterrado na faixa de areia?
Pois é, até pode ser lixo, mas também pode ser um bicho, o Diopatra, já ouviu falar?
Diopatras são animaizinhos que vivem em tubos que ficam parcialmente enterrados na areia, deixando uma parte exposta na superfície. A parte exterior desses tubos é coberta por grãos de areia, partes duras de outros animais, conchas, pedaços de plantas e qualquer outro material encontrado na areia. Se a praia recebe detritos com regularidade e em quantidade, os Diopatras acabam usando estas tranqueiras na confecção do tubo. Mas se a praia é limpinha, o tubo é feito de materiais mais naturais e fica com o aspecto da imagem que vemos ao final deste texto. A parte exposta do Diopatra serve como camuflagem, ajuda na captura de presas e detecção de predadores. Como filtradores que são, alimentam-se de algas, pequenos  invertebrados e detritos do solo.
Há cuidado parental com a prole! Os Diopatras que são parentes das minhocas terrestres são muito procurados para serem feitos de iscas e para alimentação de espécies ornamentais.
Agora que você já sabe um pouco sobre os Diopatras, quando estiver na praia preste mais atenção, quem sabe não tropeça em um? Olho vivo, biólogo, as aparências podem enganar....

Professora Maluquinha, quem quer ser?



Por Thaiane Abrascio, 6º Período
No livro de Ziraldo, Uma Professora muito Maluquinha (Editora Melhoramentos), os alunos contam a maneira como Cate, a maluquinha em questão) despertava o interesse deles pela leitura. São tantas estratégias interessantes, que podemos pensar que isso só existe mesmo na fantasia de um livro infantil, mas seria um absurdo pensarmos isso sendo nós estudantes de Licenciatura. Afinal que tipo de professores desejamos ser? Vamos continuar perpetuando estratégias que já sabemos que não dão certo?

Ziraldo esteve em Uberaba pela 8ª vez no dia 17/09 na Festa Literária, onde realizou uma tarde de autógrafos e respondeu à algumas perguntas da platéia. Colocamos a ele a seguinte questão: Será que é possível aprender a ser uma Professora muito maluquinha? E ele respondeu: "Essa pergunta é ótima. Todo médico faz estágio num hospital com todo o apoio enquanto o Professor quando se forma é jogado por ai sem assistência, não tem um amparo que o ajude a entender o seu papel. (...) Vivenciei um fato muito interessante, o ministério da Educação da Guatemala comprou um livro da Professora Maluquinha (traduzido como: Una Maestra macanuda”) para cada professor do país, e criaram também um texto intitulado “As 10 lições da Maestra Macanuda. O ensino de lá é muito quadrado, muito antiquado e o livro os ajudou a enxergar uma nova didática, a partir disso começaram a prestar mais atenção no professor”.
Por fim o autor aponta que a dificuldade de os professores criarem novas ferramentas de ensino está no medo em que temos de apostar no inusitado e livros como estes podem ajudar a romper este medo. Em breve, nos cinemas, teremos a versão da Professora Maluqinha.

Entrevista: Caçador de Fósseis

Quem é Ismar de Souza Carvalho?
Autor do livro que usamos na disciplina de paleontologia, Ismar de Sousa Carvalho fez graduação de Geologia em Coimbra, Mestrado, Doutorado e Pós Doutorado no Brasil na mesma área. Atua principalmente na pesquisa de fósseis do Cretáceo e é professor na UFRJ. Neste trecho de uma entrevista que Ismar nos concedeu ele dá suas opiniões sobre as possibilidades da paleontologia no Brasil e na UFTM, sobre política, religião, morte e sobre ciência para o público infantil


Por Thaiane Abrascio, 6 º Período
Thaiane- Em cada trabalho há um objetivo especifico (ou próximo), mas você tem algum objetivo futuro (maior) para suas pesquisas?
Ismar-Meu objetivo maior é ampliar o treinamento e a qualificação de novos alunos interessados na paleontologia. A difusão da informação produzida através de nossos estudos científicos é outra meta importante, como forma de estímulo a novos geocientistas.
Thaiane- Parece-me, e disso não tenho certeza, que o respaldo científico internacional que o Brasil tem na paleontologia ainda é ínfimo diante da riqueza fossilifera que temos. Estou certa?  Por que isso acontece?
Ismar- Respaldo é algo que construímos, e que demanda tempo e capacidade de inserção de nossos grupos de pesquisa em estudos de maior amplitude. Realizamos pesquisas extremamente relevantes no âmbito da paleontologia industrial, e que têm sido importantíssimas para a descoberta de novas jazidas petrolíferas. O problema é que muitos de nossos fósseis não possuem análogos diretos com os que têm sido estudados na Europa e nos Estados Unidos. Assim, temos de desenvolver uma paleontologia “abaixo da linha do equador”. Tarefa não muito fácil, mas bastante estimulante pela possibilidade das grandes descobertas que se vislumbram.
Thaiane- A política já foi um empecilho para seu trabalho?
Ismar-E de quem não foi, ou é?
Thaiane- E a Religião?
Ismar- Nem um pouco. Um de meus orientadores, o importante paleontólogo Giuseppe Leonardi, é teólogo de formação e atua ativamente como padre.
Thaiane- Toda vez que está com um fóssil nas mãos, está lidando com a morte. Isso mudou de alguma forma a sua concepção sobre a morte?
Ismar- Sim. Dá uma perspectiva de pouco sentido para nossa existência. A vida que já é efêmera se transforma num momento quase que perdido no tempo e no espaço. A partir dos fósseis fiquei bem mais angustiado com o sentido da própria existência.
Thaiane- O que o levou a escrever estes textos voltados para o publico infantil (Coluna Pré História, Ciência Hoje das Crianças)?
Ismar- Quando criança fui estimulado a ler, e através da leitura pude viajar por mundos inexistentes e também por aqueles reais. Durante nossa infância é que o caráter, os desejos e as possibilidades se constroem, e que têm um grande poder de transformação. Escrever para crianças é uma forma de estimular as mudanças do futuro.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Bom e Mau Exemplos


Por Thaiane Abrascio Porfirio, 6 º Período

O bom exemplo da reportagem é José Noel Prata, Técnico em produção e transmissão de energia e Produtor rural. Na contramão do que estamos acostumados, adquiriu de seus próprios recursos uma área a qual transformou em uma reserva ambiental, a RPPN Vale Encantado.
Segundo Noel a reserva tem como objetivo, além da preservação de fauna e flora, o “envolvimento de instituições de ensino, qualquer que seja o nível, Básico, graduação e Pesquisadores.” 
Durante os dias 24 a 27 de Agosto, foi realizado o primeiro congresso de Meio ambiente promovido pela Vale Encantado, "Cerrado: Diversidade e Recursos". Para Joel os obejtivos do encontro eram “divulgar o cerrado e discutir sobre sua biodiversidade e recursos”. Provoquei Joel em uma pergunta. Pedi que ele se imaginasse dotado de algum poder sobre as pessoas. Quis saber quem Joel obrigaria a ver o evento. A resposta me surpreendeu: "Faria exatamente o que estou tentando fazer sem ter o poder. Os jovens são os herdeiros do planeta, e é deles que eu gostaria de ver essa sala cheia. Minha geração produziu muito, nós fomos a Lua, criamos a Televisão e uma série de outras coisas. Mas o custo de nossas criações foi muito alto. Não sou de transferir as responsabilidades, mas eu vejo nos jovens uma cabeça muito acima da nossa, na forma de enxerga o planeta. Na minha época nem se falava na questão ambiental e o próprio governo já apoiou construção de drenagem de várzeas para a produção de arroz, o que foi um assassinato a nascentes. O que hoje não tem a menor condição de acontecer”.

O Mau exemplo do título da reportagem diz respeito aos universitários, que não chegaram a trinta na platéia do evento. Infelizmente o público alvo segundo Noel, “cursos como Biologia, Eng. Ambiental, Gestão Ambiental, e áreas afins” não compareceu ao evento. Com três cursos de biologia na cidade, e outros tantos de áreas afins, é uma vergonha a falta de participação dos acadêmicos em um evento que ofertou tantos aprendizados.  Uma sugestão é que para o próximo evento mudem o título para “Festa (Pancadão) do Cerrado”, talvez atraia mais o público.
Vários projetos estão sendo desenvolvidos com a fauna da área, como falconídeos e o tatu canastra animal quase desaparecido de nossa região. 

Rapel combina com Cientista?

Por Raphaela Pagliaro, 4ºPeríodo


Vocês sabiam que nossa ilustríssima professora de Princípios Químicos e Bioquímicos pratica Rapel? Para quem não sabe, rapel é uma espécie de escalada vertical utilizando cordas e o corpo. É preciso preparo físico e coragem. Foi pensando na coragem da professora Vera Bonfim que resolvemos conhecer melhor esta história. A professora nos contou que a maior aventura vivida por ela foi em Caconde, São Paulo. Vera Lúcia Bonfim desceu uma montanha de quase dez metros, o que não é nenhuma brincadeira! Nossa professora esclareceu a origem de tanta confiança. Primeiro, é preciso buscar uma empresa idônea e certificar-se de que os equipamentos estão em bom estado de conservação. Em segundo lugar, Vera diz que é importante enfrentar cada desafio do rapel como se fosse o primeiro dia de prática, como a primeira vez. Para a professora, isso faz com que o praticante mantenha a máxima atenção e cuidado com a segurança para as trilhas e descidas. E tem mais! Nossa professora também praticou rafting, no Rio Pardo (Caconde/SP), acompanhada do irmão, seu companheirão nestas aventuras. No rafting a emoção está em descer um rio turbulento dentro de um bote inflável. Vera diz não ter medo das aventuras, e esclarece que o que fica é uma sensação de vitória. Completa: "dá vontade de voltar!". Ô professora, leva a gente da próxima vez....

Serra da Canastra: um paraíso logo ali




Por Naira Pithan, 6º Período

Exuberantes paisagens, que variam entre campos, campos rupestres com delicadas flores, cerrado típico e florestas com vegetação atlântica, compõem uma cadeia montanhosa, com diversas cachoeiras. Existem mais de mil espécies de animais e seis mil espécies vegetais vivendo nessa região.  Na Serra da canastra vivem várias espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá bandeira,o lobo guará, o veado campeiro, a lontra, o macaco sauá, o tatu canastra, o pato mergulhão e a onça parda. O Parque Nacional da Serra da Canastra, com mais de duzentos mil hectares, recebeu esse nome devido ao formato da serra que abriga e que se assemelha a um baú. Criado em 1972 para proteger as nascentes do rio São Francisco, começou a fazer parte dos roteiros de viagem, quando o turismo de aventura e o turismo ecológico entraram em cena. Considerado um dos mais belos cartões postais do Brasil o Parque tem como um dos atrativos a famosa cachoeira Casca D’Anta, com quase duzentos metros, a primeira grande queda do Rio São Francisco. Para quem gosta de acampar, as cidades em volta do parque oferecem várias opções de campings e também pousadas. A vida rural na região mantém tradições culturais, como a arquitetura do século XIX, os muros de pedra sem cimento, o queijo canastra e o carro de boir. Acesso pelos municípios de Delfinópolis, Sacramento e São Roque de Minas. Para saber mais www.serradacanastra.com.br. 

Quanto vale um professor?


Por Raphaela Pagliaro, 
4º Período. 

Acorda, não se compra um professor. Eles não estão á venda como jogos de sofá, ou aparecem em promoções do tipo "Liquidação, cinco professores por...". Infelizmente esta é a forma com que muitos dirigentes e gestores em nosso país tratam nossos professores. Algumas concepções consideram o professor um  técnico reprodutor de conhecimentos ou monitor de programas pré-elaborados (Tardif, 2002). Desde a antiguidade professores são tratados como escravos e o sentido de "dar aulas" foi levado tão a sério que até hoje parece ser caridade ou trabalho voluntário o ofício docente. Se pensar o custo ajuda a entender o valor que a sociedade dá a um grupo, o assunto fica muito sério. Um presidiário custa em média por mês ao Brasil, cerca de 1,7 mil reais. Em Minas Gerais, um aluno vale 145 reais. E afinal, quanto custa o  professor? No momento, em nosso estadi piso salarial de  369. Então, é legítima a greve dos professores?

O primeiro "chef" cozinhou nas cavernas


Por Amanda Prato, 6º Período

Parece que este feito não é apenas características dos humanos. A arte de cozinhar evoluiu muito antes de nós. Os hominídeos foram os primeiros cozinheiros do mundo. 
Não foi por cozinhar mal que o Homo erectus, que viveu a 1,9 milhões de anos se extinguiu. Mas as pesquisas indicam que o ato de preparar a comida possibilitou que os humanos tivessem mais chances de sobrevivência e de ter mais saúde por se alimentarem de comidas com mais calorias. Pesquisadores perceberam que os dentes molares dos hominídeos eram menores, assim como os maxilares e os órgãos internos, diferentes dos outros primatas. Isso porque os hominídeos possuíam a capacidade de processar esses alimentos com ferramentas e fogo, tornando os alimentos mais fáceis de serem digeridos.
Pra quem acha que otoda forma de cultura advém do que é essencialmente  humano...
Fonte: Folha de São Paulo,  agosto/2011

Fazendo as pazes com a preguiça


Por Letícia Lemes, 6º Período

Você pode até negar, mas a preguiça provavelmente esteve com você em vários momentos da sua vida, quase como uma  companheira fiel. No  dicionário a preguiça aparece como a demora ou lentidão em praticar algo que deveria ser feito rapidamente, normalmente algo imposto por  outra pessoa. Para o escritor Rubem Alves, a preguiça é uma forma de desobediência a essa imposição. Você simplesmente não quer obedecer ao outro. A preguiça relaciona-se ainda  com a ideia de autoria. Você  quer ser a maior autoridade sobre o seu corpo e, por isso, não deseja que outro mande nele. Portanto há na preguiça uma boa dose de anarquia, se entendermos que o preguiçoso luta desesperadamente  para dizer que quer tomar conta de si mesmo. Nesse contexto, a preguiça não pode ser considerada pecado ou falta de virtude, afinal, o preguiçoso se utiliza dela apenas para ter posse sobre ele mesmo.
Alguns filósofos dizem ainda  que sou necessária para o pensamento humano, e que grandes conhecimentos foram construídos a partir de mim, pois sou uma das molas para a criatividade. Tem muita gente aparentemente nada preguiçosa envolvida com este tema. Para saber mais visite o site www.elogiodapreguiça.com.br. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Editorial: conversa inaugural


Prof. Ana Paula Bossler,
Editora do Opilião

Pensem no Opilião nº 1 como se fosse um tubo de ensaio. Trata-se portanto de um espaço de experimentação. Um campo de testes para as idéias* e as palavras. Os autoras dos artigos aqui, alunas do nosso Curso, têm sido desafiadas a dar novas formas ao conteúdo. Este é um dos objetivos do recém criado Laboratório de Estudos sobre Cognição e Emoção, do qual fazem parte e que coordeno. Mas o Opilião também se alimenta de Interlocução! Por isso existir uma versão online (www.opiliao.blogspot.com). Lá o leitor poderá participar de enquetes, comentar, deixar sugestões e acessar links. Por exemplo, no artigo "Quanto custa um professor?" a aluna Raphaela cita Tardiff, um autor. Na versão online teremos um link para quem quiser saber se Tardiff é um estudiso ou um grupo de invertebrados! O Opilião será mensal. Boas leituras! * Só empregarei a ortografia unificada quando esta for ensinada nas escolas em Portugal. Ainda não é.