domingo, 20 de novembro de 2011

Editorial: Fim de semestre, pirlimpim e neurociência

Prof. Ana Paula Bossler,
Editora do Opilião

Este mês o Opilião saiu a fórceps! Também pudera, fim de semestre, todos sobrecarregados de compromissos e tarefas. Sofremos, mas o Opilião saiu e com a linda novidade de contarmos com a contribuição de um chargista! Nesta edição, temos ainda um texto sobre a polêmica participação de uma aluna da Biologia no programa Altas Horas (p 2). Para quem gosta de ler, há um texto apresentando Monteiro Lobato, o escritor do Sítio do Picapau Amarelo, como possibilidade para se aprender ciência (p 3). "Um país se faz com homens e livros", é uma das mais famosas citações do escritor. E por falar em país, o nosso, sede da próxima Copa do Mundo, promete trazer para o evento um verdadeiro acontecimento científico (p 3), digno de um prêmio Nobel! E o prêmio Nobel é assunto da página 4, assim como sua versão brincalhona,  o prêmio Ig Nobel. Para rir e pensar. Ainda nesta edição, para quem está preocupado com o futuro, não deixem de ler sobre ranking de salários (p 2) e currículo lattes (p 2).
Boa leitura e não deixem de visitar o Opilião virtual!

Polêmica sobre clareamento dental

Por Thaiane Abrascio, 6º Período

Uma aluna de nosso curso causou polêmica ao participar do programa global Altas horas. Ela perguntou sobre o uso de esperma humano no clareamento dental. Apesar de mencionar que havia lido e se embasado em um referencial teórico, os entrevistadores foram descrentes desmerecendo a pergunta da jovem. Ela foi causa de chacota em muitos sites de comédia e seu vídeo já teve centenas de visualizações. Fomos atrás! Afinal, a aluna não estava tão equivocada quanto tentaram fazer parecer. A pesquisa citada por nossa colega foi realizada pela University of Cambridge e publicada na Revista Science. Nos testes realizados o sêmem humano clareou até 45% da tonalidade dos dentes dos participantes. Para isso não bastaria colocá-lo na boca, ele deveria permanecer lá por 20 minutos. Empresas de cremes dentais demonstraram interesse pela técnica. Logicamente serão isoladas as substâncias responsáveis para que sejam comercializadas. Mas por enquanto, se alguém lhe oferecer clareamento dental gratuito utilizando técnica inovadora, desconfie. E antes de debochar, pesquise!

Quanto ganha um biólogo

Por Bianca Torquato 6º Período
O Conselho Federal de Biologia (instrução 09/2010) recomenda como salário-base o valor referente a seis salários mínimos vigentes no país. A fim de orientar o trabalho dos prestadores de serviços, o Conselho sugere o valor dos  honorários, variando de R$40 reais a hora, para os iniciantes, a R$150 para o biólogo Sênior.  Mas atenção, estes valores podem mudar bastante de um Estado para outro. O valor para Sênior, por exemplo, em Estados como Bahia e Sergipe é de R$ 100,00 a hora de trabalho. E os professores de biologia, quanto ganham? O salário também varia de acordo com  a  região do país. Em Minas Gerais, um professor em início de carreira recebe cerca de R$7,08 a hora/aula, enquanto no Distrito Federal o mesmo professor receberia R$ 16,13. No Ensino Superior, por sua vez, o professor biólogo, de acordo com o ranking do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, algumas instituições, como a Fundação Getúlio Vargas, pode pagar até R$150 a hora/aula.    Mas o mais importante é se fazer o que gosta...ou não?!
Mais sobre salário aqui

Você tem currículo lattes?

Por Ana Paula Bossler
O "lattes" é um currículo preenchido online na Plataforma Lattes, em formulários próprios e geridos pelo CNPq (  Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que disponibiliza os dados por pesquisador, Instituição e grupos de pesquisa. Assim, todos, cientistas e não cientistas, podem acessar a produção de cada pesquisador ao longo da vida. O nome da plataforma é uma homenagem ao pesquisador brasileiro, o físico César Lattes, falecido em 2005. Se você que está lendo este texto ainda não possui "lattes", apresse-se. O "lattes" começa a ser preenchido desde a graduação e pode ser solicitado em concursos e bancas. Faça seu "lattes" e o mantenha atualizado. Dúvidas? Converse com um professor, todos podem responder às questões e dar dicas para o preenchimento. O endereço eletrônico para o  "lattes" é www.lattes.cnpq.br.
Viste os "lattes" dos docentes da Biologia, em nosso blog!

Pó de pirlimpimpim e ciência

Por Naira Pithan, 6º Período
Monteiro Lobato (1882-1948) nasceu em Taubaté (SP), e durante sua infância passava horas brincando, subindo em árvores e pescando no riacho, sem dispensar bons livros da biblioteca do avô. Formado em Direito na Faculdade Largo São Francisco (SP), preferiu ser escritor. No livro Sítio do Picapau Amarelo, ele cria cenários bem especiais e brasileiros, com histórias simples e fáceis de compreender. Monteiro Lobato respeitava a inteligência das crianças e dos jovens. Todos os seus personagens têm opinião e são respeitados nas histórias, como os netos de Dona Benta que eram ouvidos e tratados com carinho, convivendo com os adultos de igual para igual. Essa atitude era impensável na época em que Lobato viveu e frequentou a escola. Ler Lobato pode ser uma atividade de grande prazer para biólogos e curiosos por temas da ciência, pois em seus livros o autor aborda a ciência de uma maneira divertida e fácil de aprender. Os personagens do Sítio do Picapau Amarelo saem à procura de aventuras, como é o caso do Livro Viagem ao Céu. Neste livro, Narizinho, Pedrinho, Emília, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa e o Burro Falante vão conhecer de perto a Lua e as estrelas da Via Láctea graças ao pó de pirlimpimpim. E a ciência esbarra com a ficção, quando encontram São Jorge e o dragão na Lua, arrumam confusão em Marte e patinam nos anéis de Saturno. De maneira descontraída aprende-se com esse livro, astronomia, física, matemática e ciências. Essa história que revela o Universo foi escrita em 1932 quando pouco se sabia sobre o cosmos. Pensar em  naves espaciais não passava de ideia mirabolante dos cientistas da época. Não é à toa que Monteiro Lobato foi considerado um dos maiores autores e inventor da própria literatura infantojuvenil no Brasil. Envolvido recentemente em uma polêmica sobre racismo em sua escrita, Lobato merece ser lido e as crises transformadas em situações de aprendizagem.

Copa do mundo no Brasil e neurociência

Por Thaiane Abrascio, 6º Período
Nunca os brasileiros ficaram tão ansiosos pela Copa do Mundo, afinal teremos a oportunidade de sediar este grande evento no nosso país. Mas para os Neurocientistas há um motivo a mais para a euforia. Miguel Nicolelis e seu grupo de pesquisadores do Projeto Walk Again prometeram que até a abertura da copa do Mundo no Brasil em 2014 o primeiro chute será dado por um tetraplégico, sendo este o último passo do projeto.
Nicolelis vem desenvolvendo pesquisas no campo da Neurociência, e recentemente realizou testes com primatas demonstrando ser possível perceber texturas através de corpos externos, como se fosse um novo “canal sensorial”. Os chimpanzés sem mover sequer um dedo, comandaram robôs pela atividade cerebral. Estes robôs chamados avatares tocavam nos objetos que os primatas “desejavam” e as texturas eram transmitidas novamente para o cérebro dos macacos. Detalhe: os primatas estavam nos EUA e os robôs no Japão. Essa interface cérebro-máquina-cérebro que os primatas conseguiram estabelecer sugere que nós humanos tenhamos uma facilidade bem maior em manipular esta tecnologia, e então será possível que pacientes severamente paralisados andem novamente e restabeleçam o tato.
A proposta de apresentar seus resultados (caso dêem certo) na Copa do Mundo onde todos os olhares estarão voltados em 2014 não é só uma boa estratégia para divulgar a ciência como também é parte do seu grande fanatismo pelo futebol. Em sua pagina oficial na universidade de Duck há um link para o site oficial do clube Palmeiras.
Nicolelis é um grande exemplo do poder cientifico Nacional e de que brasileiros, mesmo os palmeirenses, têm um enorme campo cientifico a ocupar.
Leia mais no Opilião Virtual

O Oscar da ciência

Por Raphaela Pagliaro, 4 º Período
O prêmio Nobel foi criado em 1902, em homenagem a Alfred Nobel, criador e inventor da dinamite, e é destinado a personalidades que tenham se destacado através de pesquisas, ideias e ações de impacto social. O químico sueco Nobel destinou em testamento parte da fortuna acumulada com a dinamite para a premiação.
O prêmio, (medalha, diploma e cerca de 1 milhão de dólares) é entregue anualmente, no dia 10 de dezembro – dia da morte de seu fundador. A data macabra foi escolhida por conta de um engano. Um jornal francês equivocou-se e deu como morto o cientista, no lugar de seu irmão, publicando um artigo que descrevia o químico como  “mercador da morte” graças a invenção do artefato que matou milhares de pessoas (a dinamite).
A cada ano, seis prêmios Nobel são concedidos nas áreas de: Química, Física, Medicina, Literatura, Economia e Paz.
Na área da ciência o Brasil quase foi agraciado com o Nobel de 1921, por conta do trabalho de Carlos Chagas. Poucas pessoas sabem, mas o ciclo completo da doença de chagas foi inteiramente descrito em cerca de uma semana. Apesar da façanha para a ciência, o nome de Chagas foi descartado pela Academia Sueca. Embora o episódio não tenha sido de todo esclarecido, parece que colegas médicos brasileiros desaconselharam o laureamento do pesquisador. Este ano o prêmio foi concedido a um cientista morto, uma fatalidade! Três dias antes do prêmio ser anunciado,Ralph M. Steinman, descobridor das células dentriticas faleceu, sem saber que iria ser agraciado.

E O PRÉMIO IG NOBEL, O QUE É?

O prêmio Ignobel é destinado às descobertas científicas mais estranhas do ano. Eles são entregues para honrar os estudos e experiências que primeiro nos fazem rir, e depois pensar. Alguns exemplos de pesquisas agraciadas com o IG Nobel: 1) trabalho que mediu os padrões de ondas cerebrais enquanto as pessoas mascam diferentes tipos de chicletes; 2) pesquisa que revelou que a fêmea do mosquito da malaria é atraída tanto por queijo limburgo quanto por chulê;3) descoberta de que as pulgas que vivem nos cães pulam mais alto do que as que vivem nos gatos e 4) influencia da vontade de urinar em decisões difíceis. O nome Ignobel, foi criado pela revista de humor científico Anais da Pesquisa Improvável. É dado para representar algo que não é nobre, vil ou bizarro, mas que no fim acaba dando sentido à vida.


Ig Nobel é uma brincadeira com a palavra ignobil, você sabe o significado? Aí vai: "ignobil: adj. Que é de uma baixeza repugnante: procedimento ignóbil. Baixo, vil, abjeto, infame, torpe." (dicionário online de português)