domingo, 16 de outubro de 2011

Entrevista: Caçador de Fósseis

Quem é Ismar de Souza Carvalho?
Autor do livro que usamos na disciplina de paleontologia, Ismar de Sousa Carvalho fez graduação de Geologia em Coimbra, Mestrado, Doutorado e Pós Doutorado no Brasil na mesma área. Atua principalmente na pesquisa de fósseis do Cretáceo e é professor na UFRJ. Neste trecho de uma entrevista que Ismar nos concedeu ele dá suas opiniões sobre as possibilidades da paleontologia no Brasil e na UFTM, sobre política, religião, morte e sobre ciência para o público infantil


Por Thaiane Abrascio, 6 º Período
Thaiane- Em cada trabalho há um objetivo especifico (ou próximo), mas você tem algum objetivo futuro (maior) para suas pesquisas?
Ismar-Meu objetivo maior é ampliar o treinamento e a qualificação de novos alunos interessados na paleontologia. A difusão da informação produzida através de nossos estudos científicos é outra meta importante, como forma de estímulo a novos geocientistas.
Thaiane- Parece-me, e disso não tenho certeza, que o respaldo científico internacional que o Brasil tem na paleontologia ainda é ínfimo diante da riqueza fossilifera que temos. Estou certa?  Por que isso acontece?
Ismar- Respaldo é algo que construímos, e que demanda tempo e capacidade de inserção de nossos grupos de pesquisa em estudos de maior amplitude. Realizamos pesquisas extremamente relevantes no âmbito da paleontologia industrial, e que têm sido importantíssimas para a descoberta de novas jazidas petrolíferas. O problema é que muitos de nossos fósseis não possuem análogos diretos com os que têm sido estudados na Europa e nos Estados Unidos. Assim, temos de desenvolver uma paleontologia “abaixo da linha do equador”. Tarefa não muito fácil, mas bastante estimulante pela possibilidade das grandes descobertas que se vislumbram.
Thaiane- A política já foi um empecilho para seu trabalho?
Ismar-E de quem não foi, ou é?
Thaiane- E a Religião?
Ismar- Nem um pouco. Um de meus orientadores, o importante paleontólogo Giuseppe Leonardi, é teólogo de formação e atua ativamente como padre.
Thaiane- Toda vez que está com um fóssil nas mãos, está lidando com a morte. Isso mudou de alguma forma a sua concepção sobre a morte?
Ismar- Sim. Dá uma perspectiva de pouco sentido para nossa existência. A vida que já é efêmera se transforma num momento quase que perdido no tempo e no espaço. A partir dos fósseis fiquei bem mais angustiado com o sentido da própria existência.
Thaiane- O que o levou a escrever estes textos voltados para o publico infantil (Coluna Pré História, Ciência Hoje das Crianças)?
Ismar- Quando criança fui estimulado a ler, e através da leitura pude viajar por mundos inexistentes e também por aqueles reais. Durante nossa infância é que o caráter, os desejos e as possibilidades se constroem, e que têm um grande poder de transformação. Escrever para crianças é uma forma de estimular as mudanças do futuro.

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